domingo, 11 de outubro de 2015

Efemérides de outubro: livro e leitura




Sob o ponto de vista de um professor, três efemérides (datas relevantes, significativas) marcam o mês de outubro: os dias 12, 15 e 29.

No dia 12 comemora-se o Dia Nacional da Leitura, para estimular crianças e jovens. No dia 15 de outubro é comemorado o Dia do Professor, uma data para nos lembrarmos desse profissional tão citado, tão admirado, mas que, de fato, é pouco valorizado quando se verificam suas condições de trabalho, de remuneração e de vida na atualidade. E, no dia 29 de outubro, comemora-se o Dia Nacional do Livro.

Para comemorar as duas datas relacionadas ao livro e à leitura, o Renato escreveu no Jornal da Manhã de domingo, dia 11/10/2015, uma crônica sobre livros e bibliotecas. Amigos e leitores estão convidados a compartilharem o texto:

Uma noite na biblioteca

Renato Muniz Barretto de Carvalho

No filme “Uma noite no museu” (Night at the Museum, EUA, 2006, dirigido por Shawn Levy), o ator Ben Stiller, no papel de um simplório guarda-noturno, passa uma noite memorável, e ao mesmo tempo assustadora e inusitada, no Museu de História Natural de Nova York. Trata-se de uma comédia de sucesso, cuja história cresce em suspense quando, lá pelas tantas da madrugada, o Museu ganha vida, os personagens históricos renascem, os bichos empalhados fazem uma boa farra e até um dinossauro se movimenta feroz e desajeitado por entre relíquias históricas e peças etnográficas.

O filme não é grande coisa, em termos da arte cinematográfica, mas o enredo é curioso, inventivo e as situações criadas são engraçadas, nos fazem rir.

Cito o filme para contar uma situação semelhante, recorrente em minhas divagações insones: passar uma noite numa biblioteca e poder ver os livros ganharem vida no silêncio e no vazio das salas de leitura sem leitores, observar os volumes deixarem as respectivas estantes e misturarem-se uns aos outros, dialogarem entre si; livros de ficção com obras de referência, livros de poesia, tão sensíveis, com livros didáticos, tão sem graça.

Meu sonho é ver saltarem das páginas os personagens, reviverem os autores, os cenários, as histórias... E eu ali, no meio dessa confusão criativa, podendo conversar com os vivos e com os mortos, com a história e com monstros intergaláticos, visitar lugares próximos e distantes, além dos imaginários, é claro!

Já pensaram em como seria ter uma conversa com Marco Polo sobre suas viagens ao Oriente? E como seria interessante discutir a guerra, Cuba, as touradas e as pescarias com Hemingway? E falar de Macondo com Gabriel Garcia Marquez? Saber do Machado de Assis se Capitu afinal traiu ou não Bentinho? Um dos grandes mistérios da literatura mundial, sim, mundial! E eu ali trocando ideias com nosso maior escritor: “E então, meu caro Machado, traiu ou não traiu?” Pouco importa, mas já imaginaram?

Poder conversar com meu predileto, Graciliano Ramos, e sugerir a ele, humildemente, que foi um erro fumar três maços de cigarro por dia, mas isso seria uma descortesia. Diria a ele como me emocionou ler a história da família de retirantes em “Vidas Secas”, a violência patriarcal e latifundiária de “S. Bernardo” e a singeleza de “Infância”. Demais!

A Herman Melville eu diria que sua obra, “Moby Dick”, é belíssima, mas que nos dias de hoje jamais Ismael poderia fazer uma caça à baleia como a que ele, Melville, de forma magistral, nos contou. Diria a ele que as baleias correm sério risco de extinção, esses animais tão simpáticos e pacíficos.

Quando vou a uma biblioteca gosto de deixar a imaginação fluir, tanto faz em que direção. Paro por aqui, mas essa noite seria fecunda e interminável. Diante do que poderia acontecer numa biblioteca, “Uma noite no Museu” é fichinha!




VAMOS COMEMORAR!

Dia Nacional da Leitura para estimular crianças e jovens

“O calendário brasileiro passou a contar com a comemoração do Dia Nacional da Leitura e da Semana Nacional da Leitura, no dia 12 de outubro, de acordo com a Lei 11.899/09. O autor do projeto que deu origem à lei, senador Cristovam Buarque (PDT-DF), afirmou que a iniciativa estimulará a convivência da sociedade com a produção literária do país. Além de marcar a festividade já consagrada do Dia da Criança, esse dia abrigará, também, o Dia Nacional da Leitura e a Semana da Leitura, com a intenção de enfatizar junto à sociedade brasileira a importância do cultivo do amor aos livros desde a infância – defendeu o senador.” (Associação Brasileira de Difusão do Livro – ABDL).

12 de outubro, dia Nacional da Leitura.

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA! 

“A leitura é fundamental para nosso processo de aprendizado e desenvolvimento profissional! Quando lemos, escrevemos melhor, temos mais facilidade na compreensão de textos, livros e maior capacidade de argumentação. Tudo é questão de hábito, se colocarmos os livros como uma das prioridades do nosso dia a dia, eles não serão esquecidos. Leia! Aproveite seus momentos livres, seja em casa, na escola, no parque, no ônibus ou no metrô.” (Instituto Pró-Livro).















sexta-feira, 2 de outubro de 2015

De Uberaba a Peirópolis de bicicleta




De Uberaba a Peirópolis de bicicleta

Renato Muniz Barretto de Carvalho

       Aproveitamos o feriado da “Independência” para fazer um passeio de bicicleta até Peirópolis, comunidade rural do município de Uberaba, MG. O lugar é famoso pela quantidade e qualidade dos fósseis encontrados em seu sítio paleontológico. Passear pedalando é sempre bom, distrai, diverte, faz bem à saúde física e mental. Estávamos em quatro pessoas, sem carro de apoio, só nós, as bicicletas, água e muita vontade de ir mais longe. Do centro de Uberaba, de onde saímos, até o “bairro dos dinossauros” (Peirópolis), percorremos cerca de trinta quilômetros.
O passeio teve muitos pontos positivos, e outros nem tanto, mas o saldo foi favorável, mais acertos do que erros, afinal deu tudo certo e chegamos no horário previsto, sem nenhuma queda e nem sequer um pneu furado. Lá em Peirópolis, tínhamos marcado de nos encontrarmos com pessoas da família para um bom almoço, sem pressa, numa mesa comprida e aconchegante, com comida e assuntos diversos.
Nosso maior erro foi termos saído tarde. Passava um pouquinho das dez horas da manhã quando as rodas das magrelas começaram a percorrer as ruas da cidade em direção à comunidade de Peirópolis. A manhã já estava bem quente quando atingimos a estrada que dá acesso ao bairro.
A trilha, em terra, é uma antiga ligação da cidade de Uberaba em direção à capital do estado, e se constitui de um trecho que foi descartado quando a rodovia BR 262 foi asfaltada, no final dos anos 1960. O traçado sinuoso da antiga estrada cedeu lugar a retas mais adequadas ao trânsito rápido. Pode-se dividir a trilha em duas partes: uma antes e outra depois de um cruzamento com a BR 262. Ainda hoje, a antiga estrada é bastante usada por moradores, trabalhadores e proprietários rurais das redondezas. No último domingo de cada mês, acontece um passeio, já tradicional no calendário turístico local, a “Trilha dos Dinossauros”. Aos domingos e feriados, não é raro encontrar pessoas caminhando na trilha, e o número de ciclistas tende a aumentar.
As notas dissonantes ficaram por conta do lixo jogado no primeiro trecho da trilha, da falta de sinalização, com poucas placas indicativas do percurso, e a ausência de árvores, ou seja, poucos trechos com sombra. Causa desânimo percorrer uma trilha de bicicleta, numa atividade agradável de passeio, de contemplação da natureza, e depararmo-nos com uma estrada cuja finalidade também parece ser o descarte de resíduos. Falta educação ambiental, faltam mais políticas públicas de incentivo ao turismo e às atividades ao ar livre. Faltam mobilização e atitudes, individuais e coletivas, para mudar o quadro de degradação ambiental. Vamos em frente! 
Após cruzarmos a rodovia, a situação melhorou, mas deve-se confessar que também não é muito agradável pedalar por carreadores em lavouras de cana sob o sol do fim da manhã de um setembro bem seco até aquela data.
Os dois trechos da trilha são bem diferentes. A primeira etapa apresenta, nesta época do ano, muita areia, o que dificulta as pedaladas. Em compensação, é plana e ampla. A segunda etapa inicia-se no cruzamento da estrada de terra com a rodovia. A partir daí, há um bom declive até um córrego de águas limpas e cristalinas, o Ribeirão Lageado. É preciso descer com cuidado, mas já não há areia solta na estrada. Depois de uma simpática ponte inicia-se uma subida difícil para quem não está acostumado a pedalar em estradas de terra. Ao atingirmos o topo, com o suor escorrendo, a perspectiva da chegada breve nos remeteu à “síndrome do cavalo velho que apressa o passo ao se aproximar do curral”, ou coisa parecida, e tudo se tornou mais fácil. Conseguimos chegar a tempo!
Percorremos o trajeto em cerca de duas horas e pouco, só com paradas para água e fotografias na ponte do Ribeirão Lageado. Chegamos exaustos, pois não temos mais vinte anos, mas o passeio e o esforço valem a pena mesmo para quem já beira os sessenta.
A comunidade de Peirópolis se prepara há bastante tempo – e a cada dia mais! –, para receber turistas, seja de carro, de ônibus, de bike e a pé. Mas são necessários mais incentivos, maior apoio por parte da administração pública. Placas de sinalização, limpeza, mais árvores nos caminhos e na trilha são pré-requisitos essenciais para cativar os visitantes. De qualquer forma, uma visita ao Museu Paleontológico é obrigatória e bons restaurantes atendem muito bem quem vai até lá para passear, visitar o Museu, almoçar, estudar ou simplesmente descansar.
Para coroar, como se diz por aqui, o belo passeio, a melhor recomendação é saborear um delicioso sorvete na sorveteria da Claudete, que fica próxima ao Museu. A gente até se esquece do sol quente, da poeira e do cansaço. Não dá nem vontade de ir embora!

Serviço:
Na página da internet da Prefeitura Municipal de Uberaba encontra-se a seguinte informação sobre Peirópolis: “Pequena vila situada a 21 km do centro de Uberaba, possui entre os seus principais atrativos um sítio paleontológico com fósseis de 80 milhões de anos, um museu e o Centro de Pesquisas Paleontológicas “Llewellyn Ivor Price”, parque com réplicas de dinossauro em tamanho natural, área para esportes, e uma paisagem caracterizada pela beleza e tranquilidade. Seus doces e licores caseiros são famosos e muito procurados.”