domingo, 5 de abril de 2015

Educação Ambiental e Educação Inclusiva




No dia 16 de março fui convidado a proferir palestra no “IX Seminário do Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade”. O Seminário reuniu professores, dirigentes e pedagogos entre os dias 16 e 20 de março de 2015, em Uberaba (MG).

Em minha fala contei um pouco da história do Centro de Educação Ambiental Sítio da Pedreira e da nossa preocupação, minha e da Mara, em garantir a todas as pessoas plena acessibilidade às dependências e aos programas pedagógicos do CEA. Desde o início das obras e das adaptações que fizemos na estrutura existente na Fazenda Aroeirinha (sede do CEA), direcionamos nossos esforços no sentido de possibilitar a vinda e a realização de atividades por parte de pessoas com as mais diferentes condições físicas e mentais, com deficiências ou não.

Partindo do princípio de que todas as pessoas têm direito à educação, ao lazer e à vivência no ambiente natural, tentamos criar as condições necessárias à visitação de quem quer que fosse ao CEA. Construímos rampas de acesso, banheiros com barras e trilhas fáceis de percorrer em quaisquer circunstâncias, dentre outras adaptações. Encontramos muitos obstáculos, desde dificuldades na compra de materiais no comércio local até projetos de acessibilidade, mas demos um passo em direção ao direito de todos terem acesso e contato com a diversidade natural.

O ponto principal que levei em consideração é o de que a presença das pessoas no meio natural — considerado aqui como áreas verdes, parques, reservas naturais, jardins etc. — é importante para melhorar a saúde, para acelerar o processo de cura, para diminuir o estresse e as situações de desgaste emocional e físico no dia a dia. Desta forma, todas as pessoas têm direito ao contato e às vivências na natureza, seja nos parques e áreas verdes urbanas, seja no meio rural e em áreas protegidas, como nas RPPNs, nos parques nacionais e estaduais e, em especial, nos centros de educação ambiental.

Uma Educação Ambiental voltada para a inclusão, considerada em termos de uma educação integral e integrada, dentro dos princípios da interdisciplinaridade e das múltiplas visões de mundo, é que pode garantir a plena aplicação dos pressupostos da Declaração de Salamanca, cujo trecho a seguir foi reproduzido no folder do Seminário: “(...) cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são próprios. Os sistemas educativos devem ser projetados e os programas ampliados de modo que tenham em vista toda a gama dessas diferentes características e necessidades.”

A preocupação com a educação inclusiva deve existir em todas as instâncias e a Educação Ambiental tem uma responsabilidade essencial no processo porque trabalha conceitos e práticas tais como a valorização da sociobiodiversidade, o respeito às diferenças e a importância das diferentes leituras do mundo. Todas as crianças têm direito às atividades relacionadas à Educação Ambiental, e as oportunidades de inclusão e participação são fundamentais para um aprendizado conjunto.

Deve-se agradecer aos organizadores pela inserção da Educação Ambiental nesta discussão tão importante que aponta na direção de uma educação libertadora, capaz de mudar atitudes e o próprio mundo em que vivemos.




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